O céu, as estrelas e a Lua

Micael Olegario
2 min readOct 1, 2021

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Por vezes a imensidão do universo é a única coisa capaz de acalmar a imensidão de sentimentos de uma alma humana

Olhar o céu pode instigar muitas reflexões — Free Photos by Pixabay

dias em que gosto de sair para a varanda de casa, olhar o céu, as estrelas e a Lua. Ficar parado apenas contemplando o universo. Isso se tornou um hábito nos dias em que a vida parece não bastar. Nos dias em que sinto um sufoco no peito sem saber o motivo ou a razão, e somente a luz do luar é capaz de me acalmar. Olhar o céu e sua imensidão é reconfortante, não apenas por também sentir uma imensidão de pensamentos, anseios e aflições dentro de mim, mas também, porque me permite refletir sobre minha pequenez. Olhar a infinidade de estrelas no céu, e imaginar o número incomensurável de planetas orbitando elas, faz com que eu me sinta mais humano. Faz com que eu perceba que tudo pode ser mais simples. Grande parte da humanidade se debate diariamente por questões tão mesquinhas, creio que muito poderia ser resolvido se as pessoas olhassem mais para as estrelas.

A pandemia da Covid-19 parece ter me deixado em um estado de estagnação, sinto como se minha vida estivesse em suspenso, parada no tempo e no espaço. Sem poder viver aquilo que imaginei. Embora eu saiba que tentar controlar tudo à minha volta é invariavelmente um erro e um caminho para a decepção, gostaria ao menos de um pouco de previsibilidade, gostaria de ter a certeza que esta pandemia está mesmo no final. Já aguentei por muito tempo. Na companhia de livros, músicas e poesias suportei os desafios do ensino remoto. Admito que nem tudo nesse período pode ser desprezado ou tenha sido ruim, houve aprendizado, mas eu queria ter aprendido de outra forma, em outra cidade. Queria ter aprendido mais, com a universidade e com a vida.

Sinto energia e vontade, o sublime desejo por mais, por novos horizontes. Para mim não se trataria nem de alcançar o horizonte, mas sim de começar a persegui-lo. Minha cidade é linda e pacata, sou muito grato por ter crescido aqui, pois graças a isso me tornei quem sou. A calmaria daqui já acalmou meu coração e minha alma, mas agora esta cidade está pequena demais. Meu coração e minha alma, ainda que não sejam maiores que o mundo, necessitam de mais.

Tenho ansiedade para conhecer novas cidades, novas pessoas, novos livros, novas teorias, novos desafios e novas padarias. E quando essa ansiedade me sufoca, olhar o céu, as estrelas e a Lua me acalma. Então posso lembrar de quem eu sou e dos meus sonhos. Olhar o céu faz com que eu sinta e saiba que a Lua sempre me fará companhia, e que um dia estarei olhando essas mesmas estrelas de um novo lugar e uma nova perspectiva.

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Micael Olegario

Estudante de Jornalismo — Unipampa. Autor do livro Destinos Casuais. Instagram: @micael_olegario